sábado, 7 de março de 2009

X vs Y

O à vontade com que nos movemos nos variados grupos é um previlégio que advém da nossa personalidade. O facto de agradar a gregos e troianos mostra uma certa versatilidade.
Será que isto implica que nos enquadremos totalmente em ambas as partes?
A resposta é não, mas, ao termos certos laços criados, estes, nas suas pontas, vão derivar para locais, muitas das vezes, opostos, que até podem criar alguma repulsão entre si. No entanto, esta pode ser anulada, com alguma perícia no campo das afectividades.
Claro que, para ganharmos num lado, muitas das vezes perdemos no outro, mas é no equilíbrio entre estes dois fenómenos que conquistamos o respeito. Somos vistos não como uma pessoa próxima, mas quase, por parte daqueles que passam à nossa frente e nos esboçam um cumprimento quase totalmente sincero. Este é, muitas das vezes, quase tão importante como um olá familiar, que ouvimos todos os dias.
Assim, a admiração e o respeito são construídos e levados a um ponto inantigível.
Fazendo as contas, chegamos a um resultado: "collness"...

sexta-feira, 6 de março de 2009

Semana Nebulosa

Benefício de não viver com os pais: liberdade total.

Não por merecer, mas simplesmente por livre vontade, deixei-me levar no agridoce embalo do ócio durante a última semana. Com as obrigações a chegarem, veio a vontade de contrariar o sistema que me desperta sempre uma agradável dose de prazer...
Quando uma pessoa se prepara para uma semana destas, tem de levar a cabo uma série de rituais, sem os quais o tempo não será totalmente "aproveitado". Sendo assim, devemos ignorar quase tudo aquilo que implique alguma espécie de obrigação (sim, inclui compromissos com namorada que não envolvam qualquer tipo de acto sexual); depois, cagar em tudo que seja entidade superior; fazer contas, pois grande parte do dinheiro será gasto em vícios, nomeadamente álcool e tabaco; por fim, escolher as pessoas certas e não ter medo de pisar o risco.
Efectivamente, segui todos esses passos durante a passada semana. Com um belo grupo de amigos segui por alguns dos fantásticos caminhos que a vida tem para nos oferecer e procurei ignorar a consciência, que, de quando em vez, também precisa de tirar umas dias de descanso.
Envolto no fumo do cigarro e entre mais um copo e uma conversa, a vida vai passando mentalmente em revista e conclusões vão sendo tiradas para planos de futuro. Esta é uma das magias dos vícios, a auto-análise que nos sabe tão bem, pois, normalmente, leva-nos para caminhos melhores.
Quando o álcool começa a tomar conta, já tudo anda à roda, mas é neste ponto que esboço um sorriso, levanto a cabeça e contemplo o que me rodeia. Sinto-me feliz, a cabeça fica, paradoxalmente, "no sítio", sei que tudo vai melhorar e o sono vem e tudo acalma.
O dia seguinte raramente começa bem. Oh ressaca que tanta vez nos apanhas! Mas que boa que és! Cada "martelada" que sinto na cabeça faz-me lembrar um bom momento passado no dia anterior, uma gargalhada de um companheiro, uma tropelia própria de quem bebeu de mais.
À medida que a semana passa, o ritual volta a repetir-se, uma vezes mais intensamente, outras menos, mas a recompensa vai aumentando.
Na hora da despedida, o balanço é positivo. Embora o cansaço já seja muito há, no ar, a sensação de que valeu muito a pena. Olhamos para os deveres que não cumprimos, e ignoramos. A hora é de repouso.
Deito-me e digo, com um sorriso malicioso:
-Amanhã vejo isso...